[EN]
The definition of “Openspace” is an area of an open space in the city, usually related with urban spaces or designating open spaces in the middle of the urban centre. It can be a green space, or parks, gardens or squares, as well as avenues and urban yards. In real estate it means an interior space without walls or partitions.
Upon entering the exhibition of Pedro Calapez we are faced with a series of new works, of different dimensions, that involve the viewer, modifying our perception of the space. Their titles have references to urban space or to Nature, for example in “Horizonte Rio 02” (Horizon – River 02), “Openspace” or “Off limits”.
In its “plastic exuberance”(1), the work of Pedro Calapez uses color with the most varied chromatisms, reflexes and contrasts, promoting the spectators involvement, seduce them to remain in front of the work, beginning a meditation about the essence of painting. A painting that is not figurative, almost abstract (despite the idea of landscape, that is clearly of the figurative domain) remains present: “Through the paintings and drawings, Pedro Calapez establishes visual spaces that give us spatial and temporal data. Sometimes, some of these places are actually an invention of a scenic landscape that we can wander through. And other times, they are a set of elements, regular or irregular, he puts on the wall as a temporal record of his graphic diary, like parts of a game, subjects of a vibrant pattern or landmarks that define and expand visual areas.”(2)
The works “Round” and “Off Limits”, for example, present themselves with strong colors which intersect with each other and are confronted with more tenuous and sober colors, with a “persistence on a decorative chromatism that has left the evident subtleness of his initial paintings, to affirm itself in a shameless way, in solutions that are beyond any taste codes or chromatic association rules”(3) and so they end up in space resembling small sculptures, coming out of the wall, challenging our gaze.
In his three most recent paintings (“Openspace”) the artist created three landscapes, using oil-bars on an enamel paint background on paper, where the colors have a subtle brightness, and these paintings we could also imagine them being maps – like poetic proposals for an abstract space. The use of oil-bar and its presentation in a frame without glass, contrasts strongly with the other works in the exhibition and with techniques that the artist usually employs (acrylic or alkyd ink). These works openly intersect strongly with the space of who sees them. They are special paintings that have an implied interaction with the viewer.
The Portuguese philosopher José Gil tells us: “The gaze of the painter does not see more than the common vision, it sees the same thing to choose something else in it; and this movement of the view, is enough to change the normal image of the world.”(4)
Pedro Calapez dialogues continuously with the architectonical space – we know this because of the public art works he created previously (ceiling for the building of the seat of the municipality of Lisbon – Paços do Concelho/CML; a public square with cobble stones for the South-Entrance of the EXPO’98; the ceramic panel for the Metro Station Olaias, for the Metro Lisbon), as well as by his scenographic works for several theaters and plays in Lisbon (Teatro Nacional D. Maria II, Teatro da Trindade, or for the program Acarte by Calouste Gulbenkian Foundation, Lisbon). This experience seems to provoke the scenic space, which is revealed by his works and in which painting definitely intervenes.
OPENSPACE – a space that exists within our gaze or decidedly the individual space that each one creates for themselves?
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(1) “Ornamento Escondido”, de João Miguel Fernandes Jorge, in: Pedro Calapez. Textos em livros e catálogos. Diver- sos autores (1984-2002). Galeria Borges y Mallo, Badajoz, 2002.
(2)“O burel da cortina antepara o céu opaco”, texto de exposição de João Pinharanda, 2014.
(3) “O burel da cortina antepara o céu opaco”, texto de exposição de João Pinharanda, 2014.
(4) A imagem nua e as pequenas percepções, de José Gil, 2005.
Alda Galsterer, 2015
[PT]
“Openspace” define-se como uma área de espaço aberto na cidade, normalmente relacionado com o espaço urbano ou designando zonas de abertura no meio da urbe. Poderão ser espaços verdes, parques, jardins, ou praças, avenidas e terreiros urbanos. Em imobiliária significa um espaço interior sem divisórias ou paredes.
Ao entrar na exposição de Pedro Calapez, somos confrontados com uma série de novos trabalhos, de diferentes dimensões, que nos envolvem alterando a percepção do espaço. Os seus títulos contêm referências ao espaço na Natureza ou urbano, como por exemplo acontece com “Horizonte – Rio 02”, “Openspace” ou “Off Limits”.
Através de uma “exuberância plástica” [1], a obra de Pedro Calapez usa a cor com os mais variados cromatismos, reflexos e contrastes, promovendo o envolvimento dos espectadores, seduzindo-os a permanecerem perante a obra, iniciando uma meditação sobre o essencial da pintura. Uma pintura, que não é figurativa, quase abstracta (não obstante a ideia da paisagem, claramente do domínio figurativo) continua presente: “Através da pintura e do desenho Pedro Calapez estabelece lugares visuais que nos fornecem dados espaciais e temporais. Por vezes, algum desses lugares é mesmo a invenção de uma paisagem cenográfica que podemos ‘percorrer’. Outras vezes, é um conjunto de elementos, regulares ou irregulares, que ele dispõe na parede como registo temporal do seu diário gráfico, peças de um jogo, temas de um padrão vibrante ou marcos que delimitam e expandem territórios visuais.”[2]
As peças “Round”, e “Off Limits”, por exemplo, apresentam colorações fortes, que se cruzam e se confrontam com cores mais ténues e sóbrias, numa “insistência num cromatismo decorativo que deixou a evidente subtileza inicial da sua pintura para se afirmar de modo descarado, em soluções que estão para além de quaisquer códigos de gosto ou regra de associação cromática”,[3] e assim acabam por existir no espaço quase como pequenas esculturas, saindo da parede, interrompendo o nosso olhar.
Nas três pinturas mais recentes (“Openspace”) o artista criou com óleo em barra sobre um fundo em tinta de esmalte, sobre papel, três ‘pinturas-paisagens’ cujas cores têm um brilho muito ténue, e que podemos imaginar quase como plantas – propostas poéticas para um espaço abstracto. A utilização do óleo em barra e a sua apresentação numa moldura sem vidro, contrasta com outras peças da exposição e com técnicas que o artista habitualmente emprega (tinta acrílica ou alkyd). Estas obras interceptam abertamente o espaço de quem as visualiza. São pinturas especiais que se encontram numa interacção subentendida com o espectador.
Diz-nos José Gil: “O olhar do pintor não vê além da visão comum, vê a mesma coisa para nela escolher outra coisa; e este movimento do olhar basta para alterar a imagem habitual do mundo.”[4]
Pedro Calapez dialoga continuamente com o espaço arquitectónico – sabemo-lo pelas obras públicas que anteriormente criou (tecto para o edifício dos Paços do Concelho da CML; praça em calçada portuguesa na Porta-Sul da EXPO ’98; Painel cerâmico para o Metro de Lisboa – Estação de Olaias), bem como pelos seus trabalhos em cenografia (Teatro Nacional D. Maria II, Teatro da Trindade em Lisboa, ou no programa Acarte da Fundação Calouste Gulbenkian). Essa experiência parece provocar o espaço cénico que as suas obras evidenciam e na qual a pintura decididamente intervém.
OPENSPACE – um espaço que circula no nosso olhar ou definitivamente o espaço individual que cada um cria em si?
[1] “Ornamento Escondido”, de João Miguel Fernandes Jorge, in: Pedro Calapez. Textos em livros e catálogos. Diversos autores (1984-2002). Galeria Borges & Mallo, Badajoz, 2002.
[2] “O burel da cortina antepara o céu opaco”, texto de exposição de João Pinharanda, 2014.
[3] “O burel da cortina antepara o céu opaco”, texto de exposição de João Pinharanda, 2014.
[4] A imagem nua e as pequenas percepções, de José Gil, 2005.
Alda Galsterer, 2015