[EN]
The work of Pedro Calapez is a particularly pertinent demonstration of the way in which contemporary painting´s vocation is in the act of being, and shows what it was once the painter´s gaze. In Calapez´s work we see a gaze in motion, albeit suspended in time and space, that encounters the gaze of the other – gazes in transit, gazes in collision.
The new works presented at Max Estrella Gallery reveal a set of concerns that are a constant feature in the artist´s work – spatial relationships and the landscape – but it is his concern with the ways of seeing that forms the main thread that runs through his work. His exercises in seeking and discovery reveal the existence of a pedagogy of seeing which, neither didactic nor playful, encourages an awareness of the possibilities of the gaze. The layout of the exhibition compels to movement which is declined constantly in contemplation and performance.
Since the start of his work as an artist, which has always been marked by the plasticity of color, Pedro Calapez has proposed visual equations in which the spatial relationships and different dimensions and possibilities of the field of vision have been constants. It is no mere coincidence that the landscape, which is always nature as it is seen, occupies a prominent place in the artist´s pictorial compositions. The work of Calapez serves almost as a mirror. As we gaze into it we recognize in the surface facing us the very same action that we are making at that moment: looking, a look that extends far beyond the biological function of seeing. We feel tempted to look for those earlier eyes that saw what we are now being shown. In seeing the amazement of our discovery reflected upon these surfaces, the notions of what is abstract and concrete become confused, so that we can discern a presence within the absence in the piece. This is another of the virtues of his work: it allows us to recognize abstract expressions in a concrete structure which unravel into a certain corporeity of abstraction.
Ana Cristina Cachola (text excerpts)
[SPA]
La obra de Pedro Calapez muestra, de forma particularmente pertinente, cómo la pintura contemporánea encuentra su vocación en el acto de ser, y muestra lo que una vez fue (y de qué forma fue) la mirada del pintor. Existe, en la obra de Calapez, una mirada em movimiento, si bien suspendida en el tiempo y en el espacio, que se cruza com la mirada de la alteridad: miradas en circulación, miradas en colisión.
Los trabajos que presenta muestran un conjunto de preocupaciones que constituyen una constante en la obra del artista —las relaciones espaciales y el paisaje—, aunque su principal preocupación reside en la manera en que los modos de ver, como instrumento y materia, se sitúan antes y después de la obra. Sus ejercicios de búsqueda (y también de descubrimiento) revelan la existencia de una pedagogía de la mirada que, sin ser didáctica ni lúdica, fomenta la autoconciencia de las posibilidades escópicas. La geografia expositiva fuerza, así, al movimiento, que tiende, de forma constante, hacia la contemplación y la performatividad.
Desde el inicio de su trayectoria artística, casi siempre determinada por la plasticidad del color, Pedro Calapez ha propuesto ecuaciones visuales en las que surgen como constantes la relaciones espaciales y las diversas dimensiones (y posibilidades) del campo de la mirada. No es una mera coincidencia que el paisaje, siempre naturaleza mirada, ocupe un lugar relevante en las composiciones pictóricas del pintor. La obra de Calapez está dotada de una casi función de espejo, pues al observarla reconocemos en la superficie que nos provoca la misma acción que estamos ejecutando en aquel momento: la de mirar, una mirada que se extiende más allá de la capacidade biológica de ver. Nos sentimos tentados a buscar los ojos anteriores que vieron lo que ahora nos es mostrado. Al ver reflejado en estas superficies el assombro de (nuestro) descubrimiento, se mezclan las nociones de abstracto y concreto, haciendo que se reconozca en la obra una presencia en la ausencia. Es esta otra de las virtudes de la obra de Calapez: la de permitir el reconocimiento, en una estructura concreta, de expresiones abstractas que desvelan una corporeidad de la abstracción.
[PT]
A obra de Pedro Calapez mostra, de forma particularmente pertinente, como a pintura contemporânea encontra a sua vocação no acto de ser, e mostra aquilo que antes foi (e de que forma foi) olhar do pintor. Há na obra de Calapez, um olhar em movimento, ainda que suspenso no tempo e no espaço, que se cruza com o olhar da alteridade – olhares em trânsito, olhares em choque.
Os trabalhos que apresenta mostram um conjunto de preocupações que se assumem enquanto constante na obra do artista – as relações espaciais e a paisagem – mas principalmente como os modos de ver, enquanto instrumento e matéria, se situam a montante e a jusante da obra. Os seus exercícios de procura (e também de descoberta) revelam a existência de uma pedagogia do olhar que, não sendo didáctica nem lúdica, promove a auto-consciência das possibilidades escópicas. A geografia expositiva compele, assim, ao movimento, declinando-se , de forma constante, em contemplação e performatividade.
Desde o início do seu percurso, quase sempre determinado pela plasticidade da cor, que Pedro Calapez tem vindo a propor equações visuais onde surgem como constantes as relações espaciais e as diversas dimensões (e possibilidades) do campo do olhar. Não será mera coincidência que a paisagem, sempre natureza olhada, ocupe um lugar de relevo nas composições pictóricas do pintor. A obra de Calapez é dotada de uma quase função de espelho, pois ao observá-la reconhecemos na superfície que nos confronta a mesma acção que estamos a executar naquele momento: a de olhar, um olhar que se estende muito para lá da capacidade biológica de ver. Sentimo-nos tentados a procurar os olhos anteriores que viram o que nos é agora mostrado. Ao vermos reflectido nestas superfícies o assombro da (nossa) descoberta, baralham-se as noções de abstracto e de concreto fazendo com que se reconheça, na obra, uma presença na ausência. É esta, outra das virtudes da obra de Calapez, a de permitir o reconhecimento, numa estrutura concreta, de expressões abstractas que desvendam uma corporeidade da abstracção.