Stone pavement
Lisboa
1998
A porta-sul de entrada na Expo 98 será uma grande praça que interessa tratar com um desenho. O desafio teve em consideração o facto desta praça ser atravessada pelos visitantes da Expo98 e igualmente ser vista, como paisagem, do restaurante que se situará na antiga torre de queima.
Dois olhares determinam assim o resultado visual deste projecto.
Escolhi um desenho a realizar em calçada à portuguesa, sendo esse processo construtivo memória da cidade dos seus passeios e praças.
Um desafio é proposto aos utentes da praça na Porta Sul: realizando um desenho não repetitivo, não padronizado e totalmente relacionado com a minha prática artística, propõe-se um “ver” através diversos “olhares”. Para quem passa tratam-se de linhas, pedaços de ramagens, de portas, escadas, evocações de espaços interiores num exterior, descobrindo-se o desenho pouco a pouco, em que a sensação de continuidade só é possível numa articulação com a memória. Será apenas quando o passeante subir à torre de queima que lhe será permitida a visão global, a unificação do desenho visto às partes anteriormente. No entanto será de novo surpreendido pois verifica que o desenho é constituído por partes heterogéneas que por vezes se ligam umas às outras mas não revelam uma cena com um sentido global, a representação de uma paisagem dentro de outra paisagem por exemplo.
Terminada a Expo98 parte desta praça será atravessada por uma avenida. O meu desenho incorpora no seu traçado essa situação.
Pedro Calapez, Setembro 1995.