No trabalho recente de Pedro Calapez a pintura abstracta dialoga com o contorno dos suportes e, também, no caso da sua organização em conjuntos, com sua colocação. Se na fragmentação a desagregação se mantém latente, as tensões, na organizada disposição dos suportes, criam um movimento no sentido contrario, um equilíbrio no desequilíbrio.
Por vezes as superfícies pintadas sugerem horizontes, espaços, profundidades e poder-se-ia também chamar para este discurso problemáticas da paisagem e da representação. Diderot no “Discours sur la poésie dramatique” fala duma parede virtual que deveria separar os actores dos espectadores, referindo mesmo que a representação deveria acontecer como se a cortina de cena não tivesse sido levantada.
O título desta exposição convoca assim a discussão sobre o plano da pintura, sobre a vida própria das imagens e a sua relação com o olhar do espectador.
Pedro Calapez